sexta-feira, 8 de junho de 2012

No intervalo I: Esposas desesperadas?

Quando a série começou nos idos dos anos 2004/2005, de início gostei do tema porque ela tinha uma crítica sutil aos casais, moradores dos subúrbios norte-americanos. Situado em algum espaço, provavelmente próximo a várias cidadezinhas iguais, o criador (Marc Cherry)e seus roteiristas criaram uma forma inusitada de unir os episódios fragmentados: a morte de uma esposa, bem casada, bem resolvida na vida. Seria ela do além que iria analisar a vida tediosa e rotineira de suas amigas. Marc Cherry já tinha sentido o suave odor da glória quando roteirista da excelente comédia As supergatas (The Golden girls, 1985-1992) série que tratava da vida diária de 4 amigas, idosas, entre 50 e 62 anos. Marc Cherry sabia, portanto, construir muito bem uma linha de enredo onde podia colocar mulheres casadas e divorciadas, classe média e que tivessem comportamentos diversificados. A baratinada, imatura emocionalmente e desastrada mulher (Susan) que divorciada, completava sua renda ilustrando livros infantis e que tinha uma filha adolescente bem mais madura do que ela em ações e situações. A mulher (Bree) que se identificou tanto com o papel de esposa e rainha do lar, que nem sabia por onde seu marido - bem colocado na vida - andava nem como estavam os seus desejos sexuais. Também a dona de casa ideal nem sabia o que se passava com seu lindo casal de filhos adolescentes. Ela era a melhor dona-de-casa, que tinha o melhor jardim da redondeza e seus jantares eram divinos para os vizinhos. Era a criação do modelo ideal para se revisitar: a situação da mulher que vivera até os anos cinquenta/sessenta do século XX, e que nem mais passa pela cabeça das atuais mulheres de classe média, com tantas modificações da sociedade, com o auxílio do feminismo, nesses últimos 50 anos. Tinha, ainda, a mulher inteligente, executiva (Lynette) que tinha caído na armadilha do casamento, e que em cinco anos tornou-se mãe de quatro filhos, inclusive de gêmeos endiabrados. Como ela diz no episódio piloto. Em cinco anos, ela ficara presa a quatro filhos! Seu marido continuava a trabalhar, mas ela não, embora tivesse excelentes ideias de empreendedorismo. Finalmente, tinha o casal latino. Ele riquíssimo (só assim aceito?) e ela (Gabrielle) ex-modelo, mimada e lindíssima. A trama era ótima e a estratégia da narração por uma amiga morta conseguia evidenciar as críticas dessa sociedade com humor, riso e ridículo. Sociedade-comunidade na qual os homens viviam seus trabalhos fora da clausura e as mulheres eram represadas em pequenas comunidades. No entanto, apesar de ganhar prêmios na primeira temporada(considerada drama) e mesmo na segunda (tratada como comédia), alguma coisa degringolou e não só tornou-se uma série chata (apesar do belo tratamento cênico) como chegou ao non-sense. Tornou-se um novelão. Veremos o final da série depois. Não quero adiantar a conclusão aos seus queridos fãs. Continua na próxima semana América

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