sábado, 6 de setembro de 2014

Em cena - Sessão de Terapia: terceira temporada - Missão salvar

Afinal, dou os parabéns a diretor Selton Mello, ao produtor Roberto D’Ávila, a Jaqueline Vargas (pelo comando do roteiro). São os créditos básicos para que se tenha uma boa série como é Sessão de terapia. Mas antes de falar propriamente da trama, chamo a atenção sobre os créditos. No Brasil, tanto o criador bem como o produtor aparecem em segundo plano, quando na verdade, pelo menos nos EUA, seus nomes são destacados porque sem eles não haveria série alguma. Abordando temas atuais como a violência contra a mulher e as consequências da denúncia, um jovem órfão de mãe e que quer a atenção do pai, daí tentar char sua atenção pelo alcoolismo, um adulto rico que não quer sair do armário, devido às discriminações bem como o medo de perdas econômicas e afetivas e finalmente um adulta, professora universitária, a série se completa com a própria analise do analista Theo. Logico que Theo, agora, separado, saído de uma longa viagem para reflexão de como procede na profissão e os seus problemas pessoais ainda atravessam a trama. Nesta temporada é mostrado, muito superficialmente, o problema das drogas do filho mais velho de Theo e o conflito Theo e de um irmão (que apareceu agora e não se sabe onde ele estava enquanto Theo cuidava da depressão da mãe) Já encontro um erro na entrada de um irmão que não aparece na estrutura do autor original, o psicanalista israelita Hagai Levi, e que ainda não foi consertado. Pois este irmão desconfigura o passado solitário deo jovem Theo que tem que cuidar e lutar com a depressão da mãe e o seu suicídio. Talvez este irmão, Nestor, estivesse com o pai ou em colégio interno, mas nada se sabe e com isso a vida anterior de Theo, contada ao longo da segunda temporada desmorona para nós espectadores. Ainda tem um psicanalista, Evandro, que estando no Brasil, convida Theo e outros 2 terapeutas para sessões de supervisão. Evandro faz parte da Sociedade Internacional de Psicoterapia, mora em Londres e isso é mais que suficiente para ser considerado um grande terapeuta. E será mais um erro que se comete na série, porque como supervisor e com tal renome seu grupo se desfaz diante de um problema privado entre 2 terapeutas integrantes do grupo. Ou os roteiristas não entendem o que é uma supervisão ou simplesmente este pobre psicanalista surgiu (do nada) para inserir na trama a psicóloga Rita, que deverá (possivelmente) fazer um par romântico ou sexual com Theo. Mesmo Theo sabendo do problema dela de gostar de homens mais velhos, por causa do seu script de ter sido criada, quando criança, apenas pelo pai. Até me lembrou um conto de Lygia Fagundes Telles, intitulado O menino, ele segue em frente no flerte. Mas o menino De Fagundes telles “corta” o cordão umbilical com a mãe, porém Rita sempre se apaixona por homens mais velhos como o seu mentor (Guilherme) com quem ela tem um caso amoroso, que acaba na sala da supervisão (quando ela conhece Theo e se insinua, invadindo sua vida privada vorazmente. Vamos ver como é que fica. Faltam apenas duas ou 3 semanas apenas para terminar esta temporada. Será que a narrativa precisava disso? Theo já está cheio de problemas que remetem a seu comportamento desde a adolescência, sua inconformidade não resolvida com o pai, a internação feita por ele mesmo do filho Rafael, seus ciúmes ou sua decepção pela preferência de Rafael pelo tio Nestor, sua mágoa com as acusações do Nestor (onde estava todo este tempo???) Mas o que acho mais complicado nesta temporada não são os furos da narrativa, mas sim o próprio local da ação. A sala que Theo atende seus pacientes é integrada a sua vida particular. A sala é ampla, dá para se ver a cozinha, sua biblioteca, o sanitário, o espaço das refeições(não é um kitinete ou um apartamento de um único espaço, porque existe uma porta para outro espaço). Não creio que Theo durma no grande sofá onde seus pacientes são atendidos. No entanto, pior que isso é a liberdade de movimentação dos pacientes na ampla sala. Eles se levantam, andam para lá e pra cá, interrompem as sessões e vasculham sua biblioteca, seus porta-retratos, vão ao sanitário, e... por último, sabem o tempo certo da consulta! Nunca Theo informa que a sessão terminou, eles se levantam na hora certa! Olha, eu tenho dois tempos de 12 anos de terapia, e não sei quando acaba a sessão. Eles estão em um momento de crise! Desesperados! Mas sabem quando parar. Sei que em um ambiente televisivo como o das séries ou novelas que mudam o cenário de dois ou três minutos, transformando a movimentação numa forma de prender os espectadores, uma sessão de terapia onde apenas existem dois personagens falando por 20 minutos deve ser cansativo (para espectadores mais espertos não há este problema) porque ali, nestes 20 minutos, é um momento de reflexão, inclusive de si mesmo. Não acho que deva parar este momento de reflexão sobre o indivíduo e da sociedade e... espero a quarta temporada, mas que se mantivesse um clima “mais realista” de uma sessão de terapia.

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