quarta-feira, 23 de março de 2011

Entre linhas: In treatment na HBO




Realmente é uma pena que não se tenha na tv paga a HBO. Para tê-la tem que se pagar a mais. Porém vale a pena. Não é propaganda, mas ela traz excelente séries, adultas ou críticas sérias ao momento. Sempre série adulta, de reflexão, mesmo quando se trata de comédia.
Aqui não é o caso, a série trata dos problemas de indivíduos de várias gerações confessadas a um terapeuta.
Este bom seriado apresenta nesta terceira temporada um cliente diferente no consultório do Dr. Paul Weston. É o choque de culturas: Ocidente e Oriente. Sunil, indiano, por 28 anos professor universitário de matemática e 30 anos de casado vê-se transportado de uma cultura a outra pela morte da mulher e pela promessa do filho feita a ela que não deixaria seu pai sozinho.Cai do céu em Brooklin, na casa da família do filho, já completamente americanizado, com sua esposa americana e um casal de filhos. Considerado pela mulher do filho como instável, estranho, o espaço de Sunil dentro da casa americana vai gradativamente sendo reduzido. Por outro lado, ele mesmo se sente diferente.
Logo na primeira consulta as regras são mudadas. Sunil quer uma conversa com um amigo, tomando chá e podendo fumar. E assim a conversa entre paciente e psicanalista se desenrola até que no episódio 17 (passado na segunda feira) o choque de culturas se torna mais intenso. E por que? A Índia está no período das monções e as enchentes são desastrosas. As poucas notícias vindas da Índia seja pelo rádio ou tv são poucas e ele vê um menino quase se afogando, grudado a um pneu velho de carro.
E ele não entende como uma tragédia pode ser informada a contagotas, enquanto o noticiário se estende sobre a temporada de basquete e sobre a performance dos jogadores dos vários clubes, suplantando tudo mais que acontece no mundo. E ele ali, na América!
Sunil se expressa essas contradições:
Sou um inútil. Trancado. Prisioneiro.
Eu me sinto como um prisioneiro na minha própria vida, um estranho. Sou um inútil. Indefeso do que me cerca quanto aquele povo na enchente.
A sensação do diferente, do Outro está gravada em todas as suas expressões: fala e gestos. Como é difícil se adaptar. E vou mais longe: Como o ocidental (que não conhece a cultura do outro) quer interpretar o Oriente se não o conhece? Dá o que pensar em tempos tão tensos em que se quer transformar todas as nações em democracias.... (também).
Eve

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