quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ENTRE LINHAS


Família: proteção ou controle?

Se nas primeiras séries e mesmo em séries mais contemporâneas a família dos personagens, especialmente dos investigadores, não aparecia, praticamente não existia, ou quase não aparecia, parece haver agora uma nova necessidade de torná-la presente na vida do policial. Com uma intromissão muito incomum, como é o caso de Rizzoli and Isles. No primeiro episódio da série, já se revela essa presença constante da família, quando aparecem desde logo os pais, o irmão e uma referência a outro irmão. Na trama, que traz uma ameaça à detetive, todos resolvem protegê-la: sua mão inclusive resolve invadir seu apartamento para ficar com ela, enquanto o irmão e o pai estão no carro também pensando na segurança. O curioso é que ela é na família a melhor preparada para proteger os outros e, portanto, a si mesma. É uma mulher adulta, mais de trinta anos, mas a quem a família, sobretudo a mãe, trata como uma criança. Ainda nesse primeiro episódio, há uma infantilização na forma de tratamento da mãe, quando esta ralha com a filha porque quebrou o nariz brincando de basquete com o irmão. E uma amostra do controle da mãe, em outro episódio, quando ela faz com que a filha vá com ela para comprar um vestido: tipo de roupa com a qual a personagem Jane Rizzoli (detetive) se sente pouco confortável. A interferência da mãe chega ao ponto de ela marcar um encontro de Jane com um homem, sem que a mesma saiba. Como explicar este domínio da mãe sobre a filha que é tão segura na profissão, aliás uma profissão que exige uma postura mais segura e forte? Mesmo quando a família de personagens homens aparece, a participação não é essa, de exagerada proteção que entendo mais como tentativa de controle. Uma primeira leitura da questão mostra que isso pode ser explicado como uma tentativa de fazer ver que a mulher é muito frágil para a profissão de detetive ou policial e estará sempre precisando da proteção de alguém.

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