domingo, 10 de outubro de 2010

CSI:Miami: não gosto da série

CSI: Miami desfigurou desde a primeira temporada o formato que foi construído para essas séries ( de investigação de cenas de crime), por Anthony E. Zuiker. Elas sempre apresentaram uma dupla de especialistas, formado por um homem e uma mulher, que discutiam e refletiam sobre os indícios. CSI: Miami, a partir do 12 episódio da primeira temporada, correu sozinha durante quase uma década. Horatio de um especialista (em que?) tornou-se um misto de detetive de rua e com suas deduções sempre levou a reboque o laboratório de técnicos forenses. Foi a primeira inversão do formato.
A segunda inversão, ocorrida no episódio 11 da primeira temporada, Horatio ficou sendo o único personagem principal, focando a ação a partir de seus encontros com as vítimas (apresenta sentimentos de compaixão), sua “conversa” (não inquéritos) com os criminosos (quando apresenta sentimentos de indignação e cinismo). Seu contato com a equipe de técnicos forenses é razoavelmente apática, mas comanda com mãos de ferro, visto que todos obedecem e partem de suas deduções para provar suas idéias. Horatio torna-se o todo-poderoso.
A composição do detetive-de-rua ao mesmo tempo especialista-chefe do laboratório forense é de um semi-herói (configuração muito antiga, da década de 50/60, oriunda ainda dos detetives criados pela literatura policial) que o ator deve ter fixação, talvez influenciado na sua infância e adolescência por policiais como Maigret e outros da época. O detetive solitário rodeado de subordinados, de atitudes pacíficas (mas com força bastante para resolver situações de agressões) com grande compaixão e cumplicidade com os fracos (melhor dizendo, fracas, crianças e mulheres) envolvendo-se ao ponto de prometer que vai encontrar o criminoso, e inexorável e raivoso em contato com os criminosos.
Tudo isso o faz “o herói” (antiquado) que combate o crime, age com a justiça contra os bad boys, que são muitos e muitos em Miami (cidade do pecado e de muitos latinos...).
Maravilhosa justiça norte-americana na tela, enquanto várias outras séries mostram as lacunas do sistema judicial (Boston Legal) e vários outros da mesma temática (Law & order).
Mas o mais interessante é que o tipo de detetive-herói-dedutivo e instintivo que vinha sendo deixado de lado, agora, em 2010, encontra o seu lugar. E Horatio que vinha na contramão dos policiais vai se encontrar na crista da onda atual.
Mas a configuração de Horatio não me convence. Ele parece sempre uma estátua (filmado quase sempre de baixo para cima), com suas perfomances corporais tão repetidas (nem se fala o bota-e-tira-óculos) que chegam ao ridículo, além daquelas frases bombásticas e ocas que se encerram com a entrada dos créditos.
O certo é que o herói solitário (enquanto o mundo desaba em escândalos provenientes de homens reais) da ficção o elevou ao herói da lei, pacificante, complacente e amoroso com as vítimas, um ideal de policial e chefe de forma que para quem gosta de paraíso terreal, encontra a paz e sua reconciliação com o mundo com Horatio Caine, pelo menos nos 42 minutos por semana, tempo que dura cada episódio.

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